Alerta aos jovens.
Durante uma boa parte da minha vida trabalhei como professor lecionando para a adolescência e juventude. Nesse importante mister constatei que grande número de meus alunos, quase sempre meninos e moços de boa família, esqueciam-se dos melhores propósitos educacionais e geralmente transformavam-se em reféns da tecnologia em detrimento de um conceito de vida mais elevado e pleno. As redes sociais, não obstante cumpram o papel de aproximar pessoas, paradoxalmente afastam-nas do estudo, do conhecimento e da cultura. E essa observação se estende, genericamente, mostrando uma tendência global na qual o jovem se isenta da auto-estima que o dignifica e se entrega a situações pouco ou às vezes nada recomendáveis. E isso vai contra o papel dele como ser humano, em sua escalada evolutiva frente à importante missão planetária que lhe é imputada no limiar desse século XXI. Na verdade é impressionante a falta valores de foro íntimo, domésticos e essenciais, tais como educação, cultura, solidariedade, família, participação comunitária, civilidade, e ainda outros que seriam convenientes serem ministrados no próprio lar para participarem da construção de um status de vida mais humanitário.
A geração do porvir ainda não sente os sintomas da profunda ferida que está se alastrando por todas as nações da terra, que clama desesperada por providências drásticas que possam, enfim, curá-la. Mas em vez de lutarem por um planeta melhor, essa juventude vai se distanciando e ficando cada vez mais à margem do processo, longe da formação psicológica e social do adolescente hodierno.
Ora, sabemos que o progresso humano se faz através da renovação de valores; o novo tende a substituir o velho. Nesse ponto reside a importância da mocidade no processo crítico e decisivo pelo qual passa a humanidade. E aí mora uma grande preocupação, visto que com a debacle cultural o homem perde a cada dia a sua memória ancestral. E vamos cada vez mais perdendo contato com o passado, deixando de auferir o precioso conhecimento dos filósofos, luminares, exemplos ou vultos de outrora; é um fato que sem dúvida nos sonega inúmeras informações importantes de nossa história.
Com tristeza assistimos o recrudescimento dentro da sociedade, da violência, do hedonismo, do egotismo, da falta de objetivo e do esvaziamento mental, devido à carência de interesses pelos assuntos que se reportam ao espírito. O corpo, esse sim, vem ultimamente assumindo um super papel de altar principal onde se cultua a deusa vaidade com todos os rituais que ela exige. Mas o que fazer? É preciso inventar algo que desperte interesse e possa alterar o quadro atual com alguma pressa, pois sentimos que estamos construindo uma sociedade bastante descompromissada com seu próprio futuro, seja ele individual ou grupal.
Durante a minha caminhada na vida, algumas pessoas que me conhecem e sabem do meu interesse e dedicação ao estudo do esoterismo, pediram até com alguma insistência, que eu estudasse a possibilidade de ministrar um curso para ensinar como obter a “chave mestra” do hermetismo, capaz de abrir todas as portas do templo. Entretanto eu digo que essa chave já está ao alcance de qualquer pessoa. Não há necessidade de cursos diretivos e especializados; é preciso sim, que alguém com paciência e prática suficiente para fornecer ensinamentos, mostre ao mundo uma necessidade de se melhorar o caráter das pessoas. Outro dia li uma frase que dizia: “Em lugar de deixar um planeta melhor para nossos filhos, deveríamos nos preocupar em deixar filhos melhores para o nosso planeta”. Sirvo-me dela para alertar a sociedade.
O ser humano deve lutar para atingir um estágio de quietude e paz interior, um esclarecimento objetivo, uma orientação básica suficientemente ilustrativa do verdadeiro papel que vamos representar na intrincada peça da vida. E finalmente entender que é preciso esquecer de vez qualquer recompensa pessoal e dedicar-se mais a melhorar os índices coletivos; essa é a condição “sine qua nom” para se atingir a meta proposta a um planeta decente.
A tão procurada “chave mestra” passa agora a situar-se dentro do coração de cada um! O essencial para o ser humano progredir encontra-se, indubitavelmente, no seu comportamento ético e moral, no estudo e observação sistemática de fenômenos naturais, no procedimento frente à sociedade e à família... Isso sobrepujará fórmulas secretas e mirabolantes, ou conjuras mágicas e cabalísticas que invoquem momentos sobrenaturais.
É por esse motivo que estou lançando o presente livro:
Ao resgatar as “Horas de Apolônio” entrego ao público um verdadeiro compêndio de fisiologia oculta, tanto do corpo como da alma, e ao mesmo tempo procuro desenvolver uma síntese respaldada nos princípios morais e éticos, ingredientes tão escassos na obra de reconstrução do atual momento evolutivo. E aproveito, também, para resgatar a importante figura histórica do grande filósofo de Tiana, um mestre da mais profícua intrepidez e infelizmente esquecido pela humanidade.
Mas ressalto que toda a filosofia que emana da obra deve ser acompanhada da prática recomendada através do “modus vivendi” individual, marca registrada da “alquimia mental”, esta sim a verdadeira fórmula para uma perfeita transubstanciação do espírito.
Portanto, com muito amor e muita paz, principais matérias-primas para alcançar um mundo mais justo e perfeito a fim de desenvolver a máxima do perdão nos corações bem formados, e com os melhores votos de um completo aproveitamento das lições aqui expostas, eu desejo a todos uma excelente leitura.
Fergi Cavalca
